sábado, 20 de março de 2010

Más coisas acontecem a boas pessoas

Tenho amigos que não se dão com os avós. Os avós para eles são aqueles velhos chatos que dão pouco dinheiro no natal. Depois tenho outros amigos, muito menos, que se dão bem com os avós. Diariamente, semanalmente, o que for: amam-nos, não por serem da mesma família de sangue, mas da mesma família afectiva. E é sobre esses que quero falar.

Um a um, vão vendo os avós a envelhecerem. Um a um, vão vendo os avós a ficarem cada vez mais fracos. Um a um, vão visitar os avós ao hospital. Um a um, recebem a notícia de que os avós morreram. Um a um, choram.

De há um ano para cá converso com uma rapariga, uma amiga, sobre a família dela, sobre os problemas, sobre a avó dela. As piadas da avó, as zangas, as dificuldades, a doença, as idas ao hospital, o desvio do olhar da avó dela, o não reconhecer a neta, começaram a fazer parte da minha vida. Fui acompanhando muito indirectamente (julgava eu) a avó dela. Ontem, a avó dela morreu.

Dei por mim a chorar, a gritar na minha cabeça que é injusto, é injusto, é muito injusto.

Eu sou uma das pessoas que se dá bem com os avós, que os ama. Todos os dias almoço em casa dos meus avós, discuto com eles, rio com eles, ajudo-os e eles ajudam-me.
Entretanto, hoje fui visitar o meu avô ao hospital. E apesar de a situação ser muito diferente, custa-me. Custa-me muito. O meu avô é uma das pessoas mais fortes do mundo, e agora está meio vestido com uma bata fininha e sentado numa cadeira de hospital, embora por um tempo curto, espero.
Mas custa. Custa muito.

2 comentários:

Ana disse...

Bem t percebo...

Coragem e boa sorte p teu avô ;)

Lua disse...

Texto lindo e inspirador! Parabéns