sábado, 13 de março de 2010

“Não apanho mais, vou-me atirar ao rio”

Chateia-me a forma como as pessoas utilizam a palavra, menosprezando o seu significado. “Não faças isso se não ainda dizem que é bullying.” Parece que agora está na moda as pessoas usarem essa palavra como uma piada. Uma criança matou-se. Um professor matou-se. Inúmeras crianças chegam a casa todos os dias a chorar, e morrem de medo de irem para a escola no dia seguinte. Muitos professores vêem a sua profissão de sonho transformar-se numa profissão do inferno.

Vi muitas vezes alunos a serem maltratados, tive conhecimento de muitas ameaças aos alunos. Vi professores a serem desrespeitados e a saírem da sala a chorar. Soube de professores que tinham sido postos nos caixotes de lixo. Ninguém fazia nada. Ninguém liga. São coisas de crianças, acaba por passar.

Estas situações não são brincadeiras. Sofri, eu mesma, agressões. Bastou uma vez. Nesse dia cheguei a casa a chorar, com dores físicas enormes e dores psicológicas insuportáveis. Achei que a culpa era minha, que de alguma forma merecia. Não quis contar aos meus pais porque tinha medo. Já só pensava que no dia a seguir ia acontecer o mesmo. Não queria voltar para a escola. Não queria. Tive sorte, tenho uns pais que se aperceberam do que se passava, tinha educadores – algumas – que não menosprezavam a situação e estiveram mais atentas a esses problemas. Tinha 8, 9 anos, ainda hoje me lembro disso. Quem me fez o que fez esqueceu-se e ainda me cumprimenta como se nada fosse.

Mais uma vez, tive sorte. Sorte essa que quase ninguém tem. Enquanto as pessoas não levarem este problema a serio, nada se vai resolver. Um professor matou-se. Uma criança matou-se. O que é preciso mais?

1 comentário:

via disse...

concordo. é preciso levar a sério embora em Portugal não seja tão grave como em outros sítios.